Cobrança

Naquele momento, um beijo com a língua dele tocando o céu de sua boca, despertando lembranças, provocando alucinações, seria tudo de bom. Mas como esquecer a tragédia de seis meses atrás? Como apagar as consequências dos atos, ou seriam pecados, de todos os envolvidos? Antes de tudo acontecer, era naqueles braços inquietos e sem noção que gostava de ser acolhida. Aquilo tudo foi um erro, os dois erraram, os três erraram muito. Sempre foi tão lúcida, tão resolvida. Em que ponto da vida se perdeu e se envolveu naquele desastre? Agora, estava claro: não fora a culpada, se é que havia alguma culpa, e existindo, tivesse algum dono. Se restava alguma cobrança a ser feita, fizessem ao destino, não a ela; era inocente desde sempre.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *