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Mãe, todo mundo tem

Mãe todo mundo tem, mas ninguém tem igual a minha. Caraca! Minha mãe é demais! Sei que na Tv aparecem umas mães lindas pedindo e recebendo presentes, mas a minha mãe é mais bonita porque ela é real e as outras são de mentira.

Desde que me lembro de alguma coisa tudo está sempre relacionado com a minha mãe: ela me dando banho, fazendo café, de levando para passear, me mostrando orgulhosa pra todo mundo…

Lembro também dela me dizendo sempre “Não!”: não pode mexer, não pode comer, não pode botar na boca. O “sai” também é uma palavra que a minha mãe usa muito: sai daí, sai daqui, sai de cima do muro, sai de cima da árvore, sai da rua…outra palavra que não gosto e minha mãe diz muito, e creio que as outras também, é “vem”, principalmente se ela vem acompanhada de outra, também, “cavernosa”: banho. Não sei por que a gente tem que tomar banho se vai se sujar de novo!

Ter mãe é tudo de bom. Dormir na cama dela, chorar no colo dela, passar as mãos nos seus cabelos penteando seus sonhos…

Sempre ouvir dizer que uma mãe quer o melhor para seus filhos e eu quero o melhor para a minha mãe. Dizem que uma pessoa na América criou o dia da Mãe. Dizem que foi para vender presentes, que o dia da mãe é todo dia, mas eu acho legal ter um dia todo pra nossa mãe e que nesse dia ela sinta que nós, os filhos, a amamos e que seremos sempre filhos, não importa se temos um dia de vida ou noventa anos.

O meu amor pela minha mãe é sinistro, é dez, é irado, é demais.

Mãe, eu te amo!

O craque e a bola

O futebol é um encontro de apaixonados. A bola, admirada e acompanhada com olhos atentos por milhares de torcedores, às vezes, pende caprichosa nos pés e nas cabeças daqueles que sabem lhe valorizar e corre para se aninhar nos fundos das redes, fugindo de goleiros impiedosos que teimam em negar-lhe o regaço do gol.

A bola conhece o craque, sabe da sua intimidade, compartilha dos seus desejos. Se ele, então, fez sacrifícios para estar com ela no momento sublime de uma Copa do Mundo, ela o procura, seja pelo alto, seja correndo junto à grama, açucarada, pedindo para ser empurrada para as redes.

Diante dos olhos atentos da torcida, o craque e a bola realizam a magia que enche os corações de alegria. O lançamento de trivela que faz a bola partir da intermediária cruzar o grande circulo do gramado e pousar suavemente nos pés do atacante, ficará retido na memória e será comentado pela eternidade, e quando perguntarem quem lançou e quem marcou o gol, todos dirão que foi o craque, em completa simbiose com a bola.

Houve um tempo em que camisa ganhava jogo

Houve um tempo em que camisa ganhava jogo. Nesta Copa, como diria o “professor” Luxemburgo, não tem mais ninguém bobo. A Itália entrou em campo com seu corte perfeito e porte de campeões e saíram de campo destroçados pela determinação da jovem Costa Rica. Balotelli queria um beijo da rainha da Inglaterra. Levou para casa um gol de Bryan James.

Estamos vendo uma superioridade indiscutível das seleções das Américas. Duas seleções europeias já garantiram seu retorno mais cedo para casa. Alguns dizem que é o fim do futebol de resultado. Eu digo que é o ressurgimento do futebol mágico temperado com a determinação daqueles que querem fazer história.

Temos sido presenteados com jogos de indiscutível qualidade, poucas faltas e muita bola rolando. A torcida, multicolorida, multirracial e intercontinental, transforma as arquibancadas em salões de festa onde os torcedores cantam, dançam e se encantam com a melhor Copa do País do Futebol.

Terra de todos os gols

Terra de todos os santos. Terra de todos os encantos. Uma fonte nova jorra gols aos borbotões inundando de alegria a torcida nas arquibancadas. Nem os mais crédulos acreditariam que essa seria a Copa das goleadas.

Os olhares atentos seguem a corrida fatal dos artilheiros em direção à meta adversária. Os corpos ficam em pé, os corações palpitam antevendo o arremate fatal que fará a bola se alojar nos fundos das redes e as bocas se escancararem em gritos de gol.

São tantos os abraços e tantas as comemorações que muitas vezes o torcedor só encontra descanso durante a “ola”, a onda vertiginosa que não se sabe aonde começa nem aonde termina, mas que propicia ao espectador atento um fugaz intervalo entre uma comemoração e outra.

Peçamos aos deuses da Bahia que o futebol praticado nessa Copa continue com essa busca incessante pela vitória, de preferência com muitos gols.

Desafiando o impossível

Não sabendo que era impossível foram lá e fizeram. Essa frase de autoajuda reflete o desassombro com que algumas seleções, ditas sem tradição, estão incomodando as grandes pretendentes ao título. Os jogadores dessas equipes parecem não conhecerem quem está do outro lado do campo. Jogam como se fossem os donos da casa e cobrem-se da glória destinada aos grandes heróis.

Do outro lado, seleções tidas como certas na sequencia da competição estão voltando para casa com o orgulho ferido. Alguns podem dizer que subestimaram os adversários, outros dirão que não souberam avaliar o futebol que está sendo jogado nos quatros cantos do planeta, mas creio que apenas se esqueceram de tirar das malas o futebol que as fez candidatas a vencedoras dessa competição.

Até onde poderão ir a equipes que estão nos assombrando com o seu futebol alegre e objetivo não é possível prever, mas se continuarem a desafiar o impossível é certo que veremos uma delas nas quartas de final. O futebol agradece.

O jogo só acaba quando termina

Tudo pode acontecer em um minuto. Você pode ir do inferno ao paraíso ou ficar pelo meio do caminho. Para quem viu as portas abertas do aeroporto indicando o caminho para casa, uma sobrevida de alguns dias vale muito, mesmo que a classificação para a segunda fase seja muito remota.

Ao soar o apito final, vemos jogadores atônitos perambulando pelo gramado a procura de explicações para o gol sofrido no derradeiro minuto. Muitos se quedam perplexos olhando a torcida inconformada com o vacilo antes do apito final. Parecem não entender o que aconteceu e procuram as razões para o erro olhando para o infinito.

Espero que as derrotas e os empates vindos para aqueles que já eram íntimos da vitória sirvam de alertas para eles e para os outros. Como diz a máxima do futebol, o jogo só acaba quando termina.

Vencemos, mas não convencemos

Tento compartilhar da pretensa euforia que as emissoras de televisão propagam a vitória do Brasil à frente da fraca seleção de Camarões, mas não consigo. O jogo que vi foi xoxo, sem qualquer lance daquilo que nos acostumamos a chamar de bom futebol.

Talvez tenhamos mesmo que nos contentar com o que nos foi apresentado. Lançamentos da intermediária buscando os mágicos pés de Neymar ou a cabeça inconstante de Fred. Sem um lampejo sequer de criatividade no meio de campo, dependeremos da sorte, essa madrasta que tantas vezes nos fez ficar pelo meio do caminho.

Talvez sejamos eternamente órfãos do escrete de setenta e da magia da seleção de oitenta e dois. É difícil acreditar que esses mesmos jogadores que nos fizeram vibrar na Copa das Confederações possam agora nos deixar inseguros com o futuro da seleção, mas o fato é que eles ainda não nos deram uma vitória convincente, daquelas que possamos bater no peito e dizer a plenos pulmões: o campeão voltou!

Na falta de uma vitória maiúscula, temos que nos contentar com os sobressaltos provocados por uma defesa inconstante, mas somos brasileiros e não desistimos nunca. Torço para que, mesmo aos trancos e barrancos, nossa seleção possa estar presente no Maracanã na grande final e que nesse dia, os deuses do futebol olhem por nós.

Viva a diferença!

Ainda havia uma tênue possibilidade da Itália seguir na competição, mas o Uruguai encarregou-se de sepultá-las sem qualquer resquício de piedade. Ficamos sem a elegância de Balotelli e continuaremos a ver o Uruguai mordendo literalmente a bola e os jogadores adversários.

Um italiano descontente com eliminação prematura de sua seleção resolveu explicitar sua decepção com um único jogador, justamente aquele que representa a diversidade de seu país. Segundo esse torcedor, Mário Balotelli não é italiano por ser negro e não ter nascido na Itália, portanto, Balotelli, para ter sua cidadania plena, deveria ter operado o milagre de classificar seu país para as oitavas de final.

Balotelli mostrou que é elegante não somente usando seus ternos italianos ou correndo altivo dentro de campo. Disse ele que não escolheu ser italiano e que por isso mesmo, seu amor pela Itália é como o de qualquer pessoa nascida naquele país e sua cor de pele e sua origem não devem ser utilizadas como armas por quem quer demonstrar sua insatisfação.

Vou mais além. O amor pela pátria se confunde com o orgulho quando se tem a oportunidade de defender as cores da bandeira da terra que nos acolheu e na qual aprendemos a cultivar nossas raízes. É gratificante ver nesse mundial tantas seleções apresentarem a diversidade de seus povos tendo como base unicamente a capacidade técnica que as coloca como as melhores para entrarem em campo defendendo as cores de suas bandeiras.

Tanta diversidade e tanto desejo de sagrar-se campeão do mundo me dão a esperança que um dia a Argentina entre em campo com uma seleção composta de jogadores de todas as raças. Brancos, negros, amarelos e índios, todos lutando pela vitória da gloriosa equipe portenha.

Viva a diversidade! Viva a mistura das raças! Viva o futebol!

O povo cordial

Somos um povo cordial. É fato. Mas o congraçamento entre os povos que temos visto nas arquibancadas durante essa Copa é, sem dúvida alguma, o ponto alto desta competição. É claro que temos visto excelentes partidas de futebol, com raríssimas exceções, o que também tem contribuído para a beleza do espetáculo.

O que temos visto nas ruas, bares, estádios e pontos turísticos deixa-nos com uma grande sensação de alívio, temerosos que estávamos de não realizar uma grande Copa do Mundo e, principalmente, da imagem negativa que os estrangeiros poderiam levar de nosso país.

Nosso povo está se desdobrando para receber e agradar torcedores do mundo inteiro que chegam ao nosso país havidos para conhecerem as nossas belezas naturais e a alegria que nos é tão peculiar.

Há pessoas que teimam em misturar a Copa com política, mas o povo está demonstrando na prática que “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.” O cidadão comum está descontente com seus líderes e com o encaminhamento das questões econômicas. É vergonhoso termos políticos presos e participantes ativos nas questões do partido que governa o país, mas isso nada tem a ver com a Copa.

Nós queremos fazer a melhor Copa do mundo e deixarmos uma boa impressão em todos os torcedores que vierem nos visitar. Queremos mostrar um Brasil exuberante, um povo acolhedor e alegre, e, principalmente, que sabe respeitar as diferenças. Sim, temos os nossos problemas, mas trataremos disso depois da Copa.

Agora o momento pertence ao futebol, independente das nacionalidades. Que o espetáculo continue sendo belo, que os artistas da bola continuem respeitando o torcedor brasileiro e aqueles que vieram ao nosso país em busca da magia e do espetáculo que reúne jogadores, árbitros e torcedores em volta de uma esfera redonda. A bola vai continuar rolando, os gols continuarão a ser motivo de gritos e abraços. Como uma onda que nasce no infinito, a magia do futebol continuará a reinar entre nós, levando a torcida a explosões de eterna felicidade.

Um campeão se faz com determinação e ousadia

E acabou a primeira fase da Copa do Mundo. Há um mês atrás seria difícil imaginar que Itália, Inglaterra, Espanha e Portugal não passariam para as oitava de final e que Grécia, Argélia e Suíça estivessem entre os classificados. Alguns poderiam dizer que essas seleções eram autenticas zebras, mas não vejo dessa forma. Para mim, esses países evidenciaram para o mundo o quão surpreendente pode ser uma partida de futebol.

Temos visto embarques melancólicos de jogadores que chegaram aqui com a responsabilidade de encarnarem os salvadores de suas pátrias, mas que o destino os quis como meros coadjuvantes desse evento grandioso. Outros chegaram anônimos e voltarão aos seus países cobertos de glória.

Não dá para esquecer a atuação milagrosa de Guilermo Ochoa contra a seleção brasileira, nem tão pouco a garra do uruguaio Alvaro Pereira na partida contra a Inglaterra se recusando a sair de campo após levar uma joelhada na cabeça. Esses jogadores encarnaram o espírito da competição. Foram a campo defender mais do que as cores de seus países. Foram defender o orgulho de seus compatriotas em praticarem um dos esportes coletivos mais extraordinários do planeta.

Agora a tensão irá aumentar consideravelmente. Os gritos serão mais intensos. A vitória será mais sofrida. A derrota, para alguns, será menos vexatória. Haverá honra para aqueles que, chegando aqui sem nunca terem passado da primeira fase, foram a campo e demonstraram o tamanho de seus sonhos.

Então estejamos prontos para assistir essas verdadeiras batalhas. A glória está reservada àqueles que não medirem esforços para serem vencedores e deixarem o campo encharcado de seus suores e de suas magias. Um campeão se faz com determinação e muita ousadia. Vamos lá Brasil!