Acordei atrasado. Havia planejado estar na Floresta da Tijuca às oito. Peguei o celular. Nove horas. Abri a janela. Tempo nublado, a floresta encoberta por uma imensa cortina de chuva. Me troquei, peguei o carro. Nada me impediria de entrar em uma das trilhas da floresta naquele dia. Comecei a caminhada em torno das dez. O Parque estava deserto. Uma névoa esbranquiçada se metia entre as árvores enquanto a chuva fina escorria sobre meu abrigo. Quando entrei em uma das trilhas, percebi que era o primeiro, naquele dia. Não havia marcas de pés no chão úmido e nem galhos quebrados. A chuva persistia e as árvores eram tragadas pela névoa. Mantive o ritmo acelerado. Pouco depois escutei um barulho na mata. As folhas que cobriam a trilha pareciam estar sendo pisoteadas por passos velozes, atrás de mim. Agucei os ouvidos na expectativa de identificar vozes. Silêncio. Naquele trecho, a mata fechada parecia me engolir. Decidi voltar. Comecei a correr furando a névoa, sentido a chuva açoitar meu rosto. Os passos que ouvi me perseguindo, agora fugiam à minha frente. Ouvi galhos sendo quebrados, pés descarregando o peso do corpo e esparramando água pela trilha. Aumentei a velocidade. Senti que a qualquer curva da trilha avistaria o sujeito que tentou me assustar. Quando cheguei ao asfalto, não havia ninguém. O barulho na mata cessou. Apenas o coração bombeava meu sangue prestes à exaustão.
Alucinação
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