A tradição

Acordou pela manhã com a notícia da morte da cunhada. Por alguma razão que desconhecia era a primeira a ser informada sempre que alguém partia desta para melhor. Perguntou onde seria o velório e a que horas seria o enterro. Anotou as informações no celular e se arrastou para o banheiro. Tomou banho, penteou os cabelos, escovou os dentes, sempre buscando o início daquela tradição. Acho que foi mãe quem começou com isso. Ela sempre dizia que eu era equilibrada. Coitada. Se fosse verdade, não teria acabado com tudo em três meses. Equilíbrio deveria ser vendido em farmácia, entre sabonetes, creme dental, remédio para gases, que nem confiança. Não adianta, depois que a gente perde um dos dois é como uma peça colada. Tá inteira, mas tá quebrada.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *