A sacola

Franzino, aparentando gastar as últimas forças que lhe restavam nos braços, o garoto arrastou a sacola até o alto da escadaria da igreja, sentou-se no último degrau e a colocou de lado. De onde estava, podia ver o rastro de sangue que havia deixado em sua caminhada. Mantinha uma de suas mãos fechada, apertando as notas pelo pagamento adiantado do serviço que foi obrigado a fazer. Algumas mulheres que desciam as escadas apressaram os passos ao verem o líquido vazando da bolsa.  Um sujeito branco, camiseta preta, bermuda caindo da cintura e tornozeleira eletrônica em uma das pernas se aproximou. Parou em frente ao garoto, evitando sujar seu tênis no sangue que escoava pelo degrau. Depois de olhar à sua volta, pegou a sacola, desceu as escadas e sumiu em direção ao beco. O garoto correu para um dos ambulantes em frente à igreja, pediu um cachorro-quente com bastante ketchup, sentou-se no meio-fio e comeu, admirando a pipa bailando no céu azulado.

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