Incertezas

Ela consultou o relógio. Faltavam vinte minutos para a meia-noite. Depois de parar na penúltima estação, restaram apenas duas pessoas no vagão: ela e um sujeito coberto por casaco de aviador. Os dois separados por uma infinidade de bancos vazios. A noticia de que ocorria assaltos durante a noite dentro do metrô lhe voltou à memória. Apertou com força a bolsa sobre o peito até sentir o seio doendo. Ainda estavam entre as duas estações quando ele se levantou e caminhou a seu encontro. O coração aumentou o ritmo das batidas, as mãos tremeram, a boca secou. Ele se posicionou em frente a porta, meteu uma das mãos no bolso do casaco e esquadrinhou em volta, talvez a procura de algum passageiro invisível. Ela se apertou no fundo do banco. O trem entrou na estação. Ele tirou a mão do bolso, abriu um sorriso e disse boa noite. A porta se abriu e os dois caminharam lado a lado na plataforma vazia.

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