A caçada

Estava de tocaia há dois dias. Foi Jesualdo quem disse que o bicho sempre aparecia naquele trecho de rio. Umas vezes ao cair da tarde; outras, no início da manhã. Quando o mato se agitou sem que o vento mandasse, senti que tinha chegado a hora. Apoiei a culatra no ombro, prendi a respiração, curvei o dedo no gatilho esperando o momento de liberar o chumbo para percorrer a distância e encontrar o alvo. A cabeça apareceu entre a folhagem e a mira do rifle se encarregou de aproximar nossos olhos. Foi nesse instante que a minha alma se desprendeu de meu corpo. Quando voltei a me cobrir com minha pele, o medo havia partido e o desejo de morte se dissipado.

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